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Esse blog é uma homenagem ao centenário do nascimento de Rachel de Queiroz, ele faz parte do concurso Coletânea FB.

domingo, 29 de agosto de 2010

Entrevistas

Oi!
Como prometi, vou postar duas vezes hoje. Aqui vou colocar trechos de duas entrevistas com a Rachel. Por essas entrevistas você consegue ver como era a personalidade dela.
Essa aqui foi em 2000, no site PENAZUL, Por HERMES RODRIGUES NERY

Como foi seu primeiro contato com os livros?

Rachel de Queiroz - Eu aprendi a ler com cinco anos de idade. De lá pra cá, não parei mais. Eu desembestei e estou assim até hoje. Mamãe ia selecionando o que achava melhor. Mas, de maneira geral, eu era onívora.

Apesar de curta, sua militância lhe valeu um período no cárcere. Como foi isso?

Rachel de Queiroz - Eu fui presa várias vezes. A mais demorada - passei seis dias na cadeia - foi quando o Getúlio estava preparando o golpe para se apossar do poder. Ele botou todos os jornalistas da oposição em cana e deu o golpe de estado. E ninguém podia falar. Depois, quando a imprensa já estava toda amordaçada, continuou sem poder falar.

Todo escritor, no decorrer da carreira, escolhe um gênero que mais se adapta ao seu estilo: a crônica, o romance, o conto ou a poesia. A senhora se sente mais cronista que romancista, é isso?

Rachel de Queiroz - Eu escrevi em O Cruzeiro até a revista desaparecer. Durante trinta anos, eu escrevi a sua última página, que era uma crônica, não um artigo. Foi assim que eu fiquei conhecida no país inteiro, porque O Cruzeiro era vendido em toda parte. Sinto-me mais cronista. Romancista eu me sinto muito fraca. Toda semana eu mando um artigo para O Estado de S. Paulo. Já são milhares de crônicas, em vários livros. Faz-se uma seleção das menos ruins e se publica..

A propósito, a senhora deve estar se preparando para viver um fim de ano repleto de homenagens por seus 90 anos. O seu estado lhe deve uma bela homenagem, não é?

Rachel de Queiroz - Eu acho que não, espero que não. A gente fica meio encabulada. O Ceará já se armou várias vezes para isso e eu tenho conseguido escapulir. Qualquer dia eles conseguem.

A senhora é muito caseira, não é muito afeita a homenagens. A senhora se sente tão à vontade na cozinha quanto em seu escritório?

Rachel de Queiroz - Sou boa cozinheira, sou melhor cozinheira que escritora, de forma que espero que esse meu livro de cozinha seja minha obra-prima.

Essa agora foi para a Folha de São Paulo em 1992.
Folha de S.Paulo - Você foi, é uma pessoa feliz?

Rachel - Feliz, propriamente, não. Tenho uma natureza conformada com as circunstâncias.

Folha de S.Paulo - Então por que, nas fotos, está sempre sorrindo?

Rachel - Porque fico muito feia quando estou séria. Tenho duas rugas grandes ao redor da boca.
Folha de S.Paulo - Como você avalia sua obra?

Rachel - Nunca releio um livro meu. Tenho um pouco de vergonha de todos os meus livros, de "O Quinze" tenho uma antipatia mortal, esse livro me persegue há 60 anos. Detesto eles todos.

Folha de S.Paulo - Você foi comunista, trotskista...

Rachel - Pertenci ao Partido Comunista durante 24 horas. Era simpatizante, fui admitida, mas no dia seguinte tive uma grande briga e abandonei o partido. Ideologicamente continuo trotskista, o camarada Trotski ainda é uma personalidade muito importante para mim. Era um grande escritor.

Folha de S.Paulo - Que autores mais lhe influenciaram?

Rachel - Difícil dizer, porque minha mãe era uma intelectual muito lida, foi formando meu gosto de pequena. Ia me dando o Eça, o menos pesado do Eça --sem dizer isso, porque aí eu ficava curiosa pelo mais pesado. Gosto muito dos autores ingleses, mas fui criada nos franceses, nos portugueses. Dos brasileiros, Machado, que é meu ídolo, meu deus literário.

Folha de S.Paulo - Lê filosofia, também?

Rachel - Só gosto de ficção. Li filosofia quando marxista porque era obrigada. Filosofia é chato que é danado.


Folha de S.Paulo - Como foi sua história de amor com Oyama de Macedo?

Rachel - Foi esse negócio de paixão à primeira vista, fomos viver juntos, ele era desquitado e eu também. Não havia divórcio. Toda vez que no Congresso não passava a lei do divórcio, a mãe dele tinha uma enxaqueca. Quando chegou, acho que um dos primeiros casamentos do Brasil foi o nosso. Oyama deu esse presente para a mãe. Ele foi meu único grande amor.

Folha de S.Paulo - Clarice Lispector era sua amiga?

Rachel - Gostava muito dela e ela gostava muito de mim. Era uma pessoa estranha, muito fechada, cheia de fragilidades. Você magoava a Clarice sem saber, era uma pessoa extremamente difícil. Como escritora, era a maior de todas nós.

Folha de S.Paulo - E qual seria sua posição?

Rachel - Acho que a última.



Se quiser ler as entrevistas completas elas estão aqui:
http://sites.uol.com.br/medei/penazul/geral/entrevis/rachel.htm
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u38515.shtml

Até depois
Beijos
ANA

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